16 março 2011

Crescente

Tudo estava indo muito bem. Nos entendiamos, nos afinidávamos com os mesmos gostos. Era meu sonho de consumo com outra aparência; mais moreno do que desejava. Apesar de não atrapalhar em nada, pelo contrário! Dava até um certo charme. O preto no branco, o claro no escuro, o yin-yang.



Seu porte grosseiro e robusto me deixava delicada e frágil. A perfeição nos rondava, éramos um casal.
Seu toque superficial em nada me atingia, me deixando apenas envergonhada. Como reagir? Recusar seu toque? Fingir que não percebi? Ele começou a me oprimir, me cobrar respostas que não queria dar. Pensar em possibilidades que eram impróprias e improváveis. Me testou fisicamente e comprovou meus desejos, minha vontade.



Não poderia ceder facilmente, não queria compromisso, não queria sofrimento.
Como poderia me interessar por alguém que sai fora dos padrões da sociedade? Alguém que tem a normalidade marginalizada e os ideais desrespeitados apenas pela aparência?
Levei em conta apenas seu nobre comportamento, sua simplicidade social e seu respeito impecável para com os outros. Sua personalidade foi se instalando no meu consciente e fui me acostumando com sua presença.



Era como se sempre nos tivesse conhecido, como se nosso encontro estivesse escrito, premeditado.
Seu toque passou a ter atitude e ousadia, foi mexendo com meus sentidos; cheguei ao ponto de desejá-lo, mas renegar tal pensamento pela situação que me encontrava. No final, depois de tanto me provocar e tanto me tentar, cedi aos seus encantos. Seu beijo emiti o desejo e o amor que sempre quis receber de alguém, mas que não havia encontrado pois estava esperando-o.

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